1. |
Subnutridos
04:39
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Subnutridos
Vem pescar-me rápido, antes que pense que fui esquecido
Filho de medos mudos, miúdo mal nascido
Vem pescar-me rápido, sou amanhecer esfomeado
De prato cheio, meu anzol é ter-te a meu lado
Vem pescar-me rápido antes que pensem que me falta amor.
Antes que julgue desse castigo merecedor
Antes que caíam os outonos e aprenda a apertar os cordões
Que o paladar não mais estranhe o vinho e o amargo das suas ilusões.
Vem pescar-me rápido, vem pescar-me
Antes que se faça silêncio na canção, dos subnutridos do coração
Há tantas formas de chegares, e são todas correctas
Antes que se acabe a canção (dos subnutridos do coração)
Vem pescar-me rápido antes que pensem que me enamorei pela solidão
E que este mar que habito é lar por opção
Antes que perca o medo do escuro e se anoiteça o olhar
Que o lamento encontre o silêncio e se vá a vontade, de te ver chegar.
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2. |
Justiça
02:54
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Justiça
Dei-lhe um coberta que usou
E comida que devorou
E por fim, lá subi as escadas.
Não direi que estou acima,
mas o meu caminho tem outras curvas,
Porque sabes,
A justiça mija nas ruas.
Tenho compaixão por ti
Mas já nem sei se é meu
Ou se foi a religião que mo deu.
Não direi que estou acima,
A crença aquece a alma,
mas um cobertor aquece muito mais.
A Justiça mija nas ruas.
Tragédia sem sangue e chapa
Não faz manchete de jornal
Se não se vê, não se pensa, não tem mal
Não direi que estou acima
De costas vou na direcção errada.
Ele foi só mais um que ficou sem nada.
A justiça mija nas ruas.
A justiça ainda mija nas ruas
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3. |
Desculpa Noite
03:41
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Devia ter percebido pelo tom daquele olá que vinhas para me fazer mal
Entre o ocaso e o triunfo de uma lua palidamente desanimada
Uma criança não pode viver assim, acordada, descontrolada
Ai eu sei lá o que é o amor
Ai eu sei lá se sei o que é, o amor.
O passado é só glória mal lembrada, o futuro, miséria declarada
Era tão fácil perceber que a canoa andava em círculos porque um de nós não remava
Amores que duram deixam os amantes tão exaustos
Desculpa noite, mas nós não podemos ser amigos, tu não me fazes bem.
Potencial não é realidade, se calhar sabia, a comida não descia, não cabia
Pendura-nos numa moldura, talvez te dê o estremecer da recordação
Bela que cessas nos lençóis da manhã, embrulhada no sorriso da despreocupação.
A aspirar viver em contratempo, por entre as batidas da solidão.
A Fragilidade é medidor de coragem e berço da criação
Vou saber perder-te como um vencedor.
Ai eu sei lá o que é o amor
Ai eu sei lá se sei o que é, o amor.
Desculpa noite, mas nós não podemos ser amigos, tu não me fazes bem.
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4. |
Homem dos bons
03:53
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Homem dos Bons
Nunca quiseste ser farol, de pesado fardo a acudir.
Mas homem invisível, nunca fora fato que quisesses vestir.
O volume está no máximo, só mudam as melodias que ninguém escuta
Gritar, ser-te-ia igual, tu só querias um sorriso por permuta.
Sei quem tu és eu sei, tu és um homem dos bons
Sim, eu sei quem tu és, tu és um homem dos bons
Eu sei quem tu és, tu és um homem dos bons.
Mas ela acha-se melhor mulher, e nem te vai olhar
Mas ela pensa-se melhor mulher e nem te vai reparar.
Sim, eu sei quem tu és, tu és um homem dos bons
Repetes-te porque é assim que sentes os dias, não importa mais se te destrói,
E os casacos já não aquecem, porque não é esse o frio que dói
Há tantas ruas que ainda não percorreste, mas o resultado adivinhas viciado
Só querias uma luta que pudesses ganhar, antes (um ego) enganado que ignorado.
Sei quem tu és eu sei, tu és um homem dos bons
Sim, eu sei quem tu és, tu és um homem dos bons
Sei quem tu és, tu és um homem dos bons.
Mas ela acha-se melhor mulher, e nem te vai olhar
Mas ela acha-se melhor mulher e nem lhe vais entrar no radar.
Sim, eu sei quem tu és
Ela saiu à para te lembrar que não és bom o suficiente
Sei quem tu és eu sei, tu és um homem dos bons
Sim, eu sei quem tu és, tu és um homem dos bons
Sei quem tu és, tu és um homem dos bons.
Sim eu sei quem eu sou, eu sou um homem dos bons
Mas ela acha-se melhor mulher, e nem me vai olhar
Mas ela pensa-se melhor mulher e nem me vai reparar.
Sim, eu sei quem eu sou..
Mas ela é uma melhor mulher.
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5. |
Melodia da Fraqueza
04:55
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Melodia da fraqueza
Sabes companheiro, hoje acordei numa inquietude diferente,
Saí à rua para merecer, vestido de vencer.
Mas não havia nada para mim naquele lugar
Foi só mais uma tentativa de me abandonar.
Olho-te companheiro, tu que tens vencido tanto,
Nunca me lembro que só é vencedor que não tem medo de ganhar.
Nem o anseio assim tanto, mas vou a meio do caminho
E tu pareces ter as tuas coisas todas no lugar.
Ontem olhei ao espelho, o idiota do outro lado disse(-me)
Estás demasiado exausto para te preocupares com a felicidade?
É a melodia da minha fraqueza, não (saber) desistir das flores
Sou o que me falta.
Sabes companheiro, tenho tentado colocar-me no teu lugar,
Ás vezes esqueço-me que até tu, juntaste uma lágrima às tentações.
Equanto a música te chegava aos poucos
como se alguém explicasse algo entre os refrões.
Perder o hábito de viver antes de ganhar o de pensar
E porque se transformou nele mesmo o mundo fugiu-me
Sabes companheira que se foda esta vida,
Enquanto é a minha que lamento, e essa mesma que alimento.
Ontem olhei ao espelho o idiota do outro lado disse
Estás demasiado exausto para te importares com a felicidade?
Não desistir das flores, é a melodia da minha fraqueza
Sou o que me falta
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6. |
Samba de Maio
04:03
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Samba de Maio
Menina de sangue azul, bebe bom vinho
e fala francês para que te admire no que fica perdido em tradução
Nem te olhei o vestido, com medo que algo
deixasse transparecer a forma como te trago em mim
É o samba de maio, você dança, e dança e dança, eu caio
É o samba de maio, você dança, e eu caio
Sempre fizeste estradas onde haviam muros
teus saltos altos nunca foram vistos em apuros
Eu cresci a ver pessoas como tu na televisão
em que o andar nunca pisava o chão
É o samba de maio, você dança, e dança e dança, eu caio
É o samba de maio, você dança, e eu caio
O teu sorriso é um bocejo
princesa dos bonitos, faz-me rei do aflitos
O teu olhar desafina os tons da madrugada
depois de ti é este dia que não sabe a nada.
É o samba de maio, você dança, e dança e dança, eu caio
É o samba de maio, você dança, e eu caio
Se por ti usar gravata, teu vestido
serão os meus lençóis e o teu peito almofada.
Não importa mais pobreza na geometria dos dias
em teu nome escreverão as mais belas melodias
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7. |
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Don Juan Arrumador
Faz tempo trocou jornal por uma rosa,
maneja-a como um maestro, abandonou a prosa
Lê as cidades de Calvino debaixo de uma árvore
nesta, invisibilidade é comum como mármore.
Quando o vento explica às nuvens a promiscuidade
Chove no estacionamento dos louvores
Parqueado como um dia entre duas noites
O mais solitário rei do bairro do amor
Quis ser poeta sem ser besta,
Agora bebo a minha água quando chove
Sonhos é só para quem pode, sonhos é só pr’a quem pode.
Olá eu sou Don Juan Arrumador
Não estou aqui pelo dinheiro, quero teu amor.
Dou-te a mão porque mais do que acordar sem saber
Custa-me ver um amor destes morrer
É como despedir de um velho amigo
Daqueles que connosco fez, parte do caminho
Olá eu sou a Rainha do pára-brisas
Pálida, a mais moderna das Mona lisas
Sou bela de inferno, serei suplício
Não é mau feitio é fogo de artifício
Homens aceleram para me ver chegar
Eu cá sorrio só para os maltratar
Sonhos é só para quem pode, sonhos é só p’ra quem pode.
Se sabes que não estacionarei aqui amanhã
porque me queres ficar?
Porque andas de costas tortas
E já nem sabes bem onde é o teu lugar
Dou-te a mão porque mais do que acordar sem saber
Custa-me ver um amor destes morrer
É como despedir de um velho amigo
Daqueles que connosco fez, parte do caminho
Presos na teia magnética desta cidade deixa-me ser teu chaffeur, motoristá
E da miséria de ambos faremos uma espécie de felicitá.
Deixa a esparsa tentação esvoaçar a céu aberto
Dois errados não somam um certo
Oh mais bela rainha das indecisas,
deixa minhas lágrimas lavar teu pára brisas
Sonhos é só para quem pode
Sonhos é só para quem pode.
Dei-te a mão porque mais do que adormecer, desistir
Custa-me ver um amor destes partir
É como despedir de um velho amigo
Daqueles que connosco fez, parte do caminho
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8. |
A Pistola do Ernesto
03:34
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A Pistola do Ernesto
Toda a gente fala da pistola do Ernesto
Ele não fala é modesto
Ernesto era um tipo alto, sorria num branco tanto.
Portador de um benevolência, causava um certo espanto
Talvez por isso nunca houvesse entendido a química do amarelo
Esse balão ao contrário que triunfa mesmo na falta de hélio
Toda a gente fala da pistola do Ernesto
Só ele não fala, é modesto.
De quando em vez aparecia lá no bar, pedia sempre a dobrar
Um para ele, outro em suspenso, para quem mais necessitar
Ganhara a vida como pugilista e a rir nos dizia, é melhor dar que receber, nada soube até o saber.
Mas a malta sabia que aprendeu a gostar mais dos outros que de si
Desconfiava-se que a solidão lhe sorria a tempo inteiro
Toda a gente fala da pistola do Ernesto
Só ele não fala, é modesto.
Ernesto dizia, que jogo estúpido que com honestidade jogava, entoar hinos de liberdade enquanto as costas (são) chicoteadas.
Transformaram o meu país numa anedota sem gargalhadas
Oh deus que faço eu neste exército se nem gosto de espingardas.
Esvaziado de coragem lamento pelos que me trataram
Que o meu silêncio atinja o que os meus berros não alcançaram
Toda a gente fala da pistola do Ernesto
Só ele não fala, falou ela.
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9. |
O Teu Deus
04:16
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O Teu Deus / Cinzas
Não queria ser eu a dizer-to mas o teu deus está a morrer
Ele passou por aqui, não me parecia nada bem
Imagina só o meu alivio quando vi que não vinha por mim
Há adivinhas nas sombras, devias escutá-las também
O rosto escondido pela neblina e o vento a uivar nos seus fardos
Profeta de olhos tristes, no lago dos perdões não se afogam pecados
Disse-me que homens bons fazem coisas más, faz parte do bolo
Chega o dia em que por amor até o sábio se comporta como tolo.
Deve ser pesado estar no sua pele, todos os dias culpado por algo
Bom samaritano afia a piedade como uma faca, hoje sou teu alvo
No meu pobre espanto confesso(-te), não tenho nada a esconder
Nunca aprendi nesse vinha chamar-lhe sangue para beber
Se queres encontrar o fogo, procura-o nas cinzas.
Até os pássaros estão presos à sua liberdade
Pode ser um calvário maior (escalada) que a conformidade
Calças o meu número, mas dizes que os meus sapatos não te servem salvação
Há (tantos) amanhãs que resplandecem para quem foge da escuridão.
Se queres encontrar o fogo, procura-o nas cinzas.
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10. |
Gato Preto
04:09
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Gato Preto
Gato preto, preto morto
Gato preto, deitado, morto
Nasceu para (tudo) escurecer
Gato preto, preto e morto
Viveu a rua, caminhou o esgoto
Nascido do fumo, arriscou a cidade
Cresceu para lá do tamanho e da vaidade.
Gato preto, deitado morto
Desafiou o escuro, quis ser outro
Aprendeu que para ser vadio é preciso (saber) não chorar o frio
E que a prisão não é ter trela, é ter medo.
Gato preto, preto morto
Gato preto, deitado, morto
Arrogante vestígio da noite.
Mil amantes que a noite nunca confessou
Fugiu de pedras, leis e até do que amou
Gato preto, trincou o desencanto
A mágoa cobriu-o como um manto
Refugiou-se numa capela, que queria ser igreja
Alimentado por uma mulher que ninguém beija.
Nas promessas de paraíso
Não ouviu um só riso.
No húmido sussurro da terra
Enfim descansa,
A sua nova/última morada, um buraco por campa
Os mártires entram na arena de mão dada
Mas morrem sós.
Tem jazigo sem flores
E nem um suspiro de seus amores
Gato preto, preto morto
Podia ser teu, podia ser meu
Gato preto, jaz morto
Podias ser tu, era eu.
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11. |
Mundo Circular
03:46
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O mundo circular é um mundo de sentido único, No amor, quem gostarás
Não te amará, Gostará de outro alguém, que com outro alguém se importará.
Todas as mães solteiras, filhos aceitam a criação
Habituados, Educados, fechados, nem ousam imaginar outra opção
Relação liberalizada dá rebento, mas quanto maior o amor, maior o tormento.
Tentaram impor governação, mas ninguém entrava em consenso.
Toda a gente é crente e servente, Deus e patrão
Votam no vizinho, dá neutra essa intricada equação.
No mundo circular, o fim devora o início
Somos todos réus em eterno precipício
No mundo circular doa-se a vida para desperdício
A ordem é caótica, e o caos é fictício
No mundo circular nasceu um homem que de direcção mudou.
Este individuo, não se conformou e amou a mulher que por ele se apaixonou
Dois outros, inspirados, votaram nele e virou primeiro (eleito) da nação
Decretou que todos os homens deviam do amor fazer nascer revolução.
No mundo circular, o fim devora o início
Somos todos réus em eterno precipício
No mundo circular doa-se a vida para desperdício
A ordem é caótica, e o caos é fictício
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12. |
Sinfonia das Persianas
05:15
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Luís Formiga Aveiro, Portugal
Caçador de cerejas e tempestades, "troca os "v's" pelos "b's" desde tenra idade!
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